CERCA VIVA DE MANDIOCA NA AVICULTURA  AGROECOLÓGICA

Por: Márcia Guelber Salles*

A cerca viva de mandioca (Manihot esculenta Crantz) é uma tecnologia agroecológica que foi desenvolvida pela família de Lutemir e  Verônica Trés, em Jaguaré, Espírito Santo, no ano de 2005. A família queria dividir o cafezal para fazer o manejo rotativo das galinhas caipiras e utilizou as hastes do cultivo local de mandioca  para a implantação da cerca.

Era uma pesquisa participativa! Assim, a cerca viva da Família Trés também foi implantada na Unidade Experimental de Produção Animal Agroecológica – UEPA, no Incaper, em Linhares. Além de permitir a divisão dos piquetes de pasto da área de avicultura, essa tecnologia passou a ser monitorada para a avaliação de suas funções ecológicas e produtivas no sistema, como proteção contra fugas e entrada de predadores, fornecimento de sombra e produção de biomassa para alimentação das galinhas. 

Desde então os resultados são surpreendentes!
Em primeiro lugar porque é muito fácil implantar! São escolhidas as hastes mais retilíneas e vigorosas, que são plantadas em sulco, a uma profundidade de 0,20 m.  As hastes são dispostas em fileira num espaçamento de três a cinco centímetros e são aparadas após o plantio, na  altura  desejada, que em média alcança cerca de 1,50 m.

Para mantê-las firmes e favorecer o enraizamento é necessário um tutor a cada  três metros aproximadamente e uma haste de bambu ou ripa de madeira transversalmente, mantendo-as no prumo com o auxílio de um  fio de arame.

A cerca tem uma vida útil de aproximadamente três anos, o que dependerá do solo, dos tratos culturais, principalmente das podas!
As podas periódicas além de renovarem a cerca através da rebrota, são excelente material para a produção de feno ou ensilagem: uma fonte muito nutritiva, com alto teor de proteína e carotenos para a alimentação das aves.
Além destas funções, a formação arbustiva da cerca  proporciona uma sombra generosa para o abrigo das aves contra o sol e os ventos, melhorando o conforto térmico e o bem estar durante o pastoreio.

E assim, quando a cerca tiver que ser refeita, as estacas poderão ser retiradas do próprio cultivo, a porção superior poderá ser aproveitada para a fabricação de ração, após secagem e trituração das folhas e ramos finos, assim como as raízes,  beneficiadas em forma de mandioca puba ou farinha integral.

Possuindo tantos atributos, esta cerca apresenta custo bastante reduzido e grande eficiência, porque acima de tudo ela é viva e contribui para sequestrar carbono na natureza!

Márcia Guelber Salles, Médica Veterinária, autônoma. E-mail: marciaguelber@gmail.com.

GALINHEIRO/AVIÁRIO MÓVEL NOS SISTEMAS ORGÂNICOS

Por Angela Escosteguy*

O chamado galinheiro móvel  vem sendo cada vez mais usado nas propriedades orgânicas ou de  base agroecológica, tanto de forma isolada junto a pomares ou hortas para manter a vegetação baixa, quanto acompanhando a rotação do gado no campo,  geralmente poucos dias após a saída dos ruminantes. Desta forma as aves ao esgravatar o esterco, ajudam a sua incorporação no solo e ainda ingerem ovos e larvas de parasitas que estejam presentes. Com o deslocamento do galinheiro,  as aves vão mudando de lugar o que possibilita a recuperação da pastagem e ajuda a cortar o ciclo dos seus parasitos.

Pode ser de variados tamanhos e formatos, de acordo com o local e se possível leve, ou com rodas para facilitar o deslocamento. Estruturas maiores e mais pesadas requerem um trator para serem deslocadas. O objetivo da estrutura é proteger  as aves tanto de depredadores quanto dos rigores do clima. Pode ser feita de qualquer material, inclusive utilizando materiais reaproveitáveis e disponíveis na propriedade, como sobras de materiais de construção (tubos, madeiras, forros de PVC), bambu etc. Para melhor conforto térmico, poderá ser disposto sobre ele uma  cobertura de lona ou  ramos de vegetais, reduzindo a insolação sobre o aviário. Em locais e períodos muito quentes, o aviário deve ser colocado embaixo de árvores. 

Deve conter no interior os poleiros, ninhos, bebedouros e comedouros. Estes  deverão ser mantidos no interior do galinheiro ou em instalações providas de proteção ao ambiente externo, por meio de telas ou outro meio para evitar o acesso das aves silvestres. Geralmente a coleta dos ovos é feita por fora, numa abertura atrás dos ninhos. 

Importante : se for criação orgânica certificada as aves não devem ficar presas dentro deste abrigo todo o tempo. Elas  devem ter acesso a área externa no mínimo durante 6 h do dia. Por isso, pode acompanhar esta estrutura uma cerca ao redor do aviário, delimitando a área onde as aves irão transitar durante o dia. A cerca poderá ser fixa (inclusive cerca viva)  ou móvel. A densidade de aves tanto dentro do aviário quanto a área fora, delimitada pela cerca deve obedecer ao estipulado pela legislação de produção orgânica.

Vantagens dos aviários em vários pontos da propriedade:

– Fertilização do solo 

      Fertilizam o solo com seus dejetos de alta qualidade e ao esgravatar o esterco de outros animais  ajudam na sua incorporação no solo; 

– Controle de parasitoses e insetos :

        Comem ovos e larvas de carrapatos e outros parasitos e  insetos indesejados;

– Manejo da pastagem: 

Auxiliam a manter a pastagem mais baixa. Podem ser usados em pomares ou jardins no lugar da capina ou mesmo herbicidas. 

*Angela Escosteguy, médica veterinária, diretora do IBEM. E-mail: angelaibembrasil@gmail.com.

DIA DE CAMPO SOBRE PECUÁRIA ORGÂNICA NA FAZENDA MARTIMAR

Por Angela Escosteguy*

Neste fim de semana tivemos o Dia de Campo na Fazenda Martimar, em Canguçu/RS.

A fazenda  está em transição para produzir carne orgânica e tem uma parceira com a Embrapa no projeto lone tick para controle de carrapatos através do manejo das pastagens.

Depois o  Med. Vet Adriano Echevarne da empresa Curantur relatou os resultados do uso de seus medicamentos homeopáticos no gado.Ã tarde ocorreram atividades em grupo sobre o passo a passo para a fase de transição.

Minha tarefa foi organizar o encontro e capacitar as pessoas  que querem criar animais no sistema orgânico de acordo com a legislação brasileira.

Conforme a professora da FAVET/UFRGS, Vera Ribeiro, especialista em ectoparasitos, “encontros como este proporcionam um olhar diferenciado e  momentos ricos de aprendizado e reflexões para avançarmos na construção de uma mundo mais harmonioso não só para os animais mas para todos nós”.

Para Márcia Duarte, proprietária da fazenda, o encontro proporcionou momentos especiais, com muita troca de experiências  e informações importantes para a fase de transição que estão vivenciando.

Para mim é sempre muito gratificante colaborar com o crescimento deste setor e  constatar seu desenvolvimento.

Lindo de ver!

  • Angela Escosteguy é Médica Veterinária pela UFRGS, com mestrado no Instituto Nacional Agronômico de Paris-Grignon. Especialista em Pecuária Orgânica, atualmente é Diretora do Instituto do Bem-Estar (IBEM). Contato: ibembrasil.org@gmail.com.

DIA DE CAMPO NA FAZENDA MARTIMAR CANGUÇÚ/RS, 8 E 9 DE ABRIL

O Instituto do Bem-Estar (IBEM) promove o Dia de Campo na Fazenda Martimar, no município de Canguçu/RS, com o objetivo de avançar nas práticas de manejo agroecológico de animais em transição ao sistema orgânico de produção.

CONTEÚDO

– Planejamento da transição à Pecuária Orgânica

– Controle de carrapato no sistema orgânico: manejo de pastagens (sistema lone stick) e uso de homeopatia

PÚBLICO-ALVO  

Aberto à comunidade em geral, a atividade visa compartilhar conhecimentos para qualificar produtores, estudantes, técnicos, entre outros profissionais de diversas áreas interessados em conhecer o sistema orgânico de criação de bovinos e ovinos. 

FACILITADORES  

Angela Escosteguy – Médica Veterinária pela UFRGS e Mestre em Ciências Alimentares  pelo Instituto Nacional Agronomico de Paris-Grignon, França.  Presidente do Instituto do Bem-Estar (IBEM), especializada em Pecuária Orgânica. 

Márcia Duarte –  Produtora rural presidente da ACAF – Associação canguçuense da agricultura familiar e participante do conselho do Prodel nas câmaras técnicas da agricultura, pecuária e turismo.

PROGRAMAÇÃO

Dia 08 de abril – sexta- feira (19 h às 21 h)

Inscrições

Jantar

Abertura e roda de apresentação

Dia 09 de abril – sábado ( 08 às 17h)

Café

Distribuição de material

Apresentação da Fazenda Martimar

Apresentação o Projeto lone stick

Caminhada na propriedade

Almoço 

Análise do Guia Transição à Pecuária Orgânica  

Discussão em grupos

Planejamento da transição ao sistema orgânico da fazenda Martimar

Noções sobre uso de homeopatia

Café

INVESTIMENTO

Inclui atividades  e alimentação na fazenda Martimar.

Dia 8 – jantar

Dia 9 – café da manhã, almoço e café da tarde.

Bônus : Guia Transição à Pecuária Orgânica (on-line)

DATA Público em geral Ex alunos IBEM Estudantes* 
 ATÉ 04/04 190,00 160,00 100,00
 APÓS 04/04 230,00     200,00 120,00

*. Estudantes devem enviar o comprovante da matrícula no semestre.

Inscrição: Enviar nome, endereço, telefone,  e-mail , comprovante do depósito para (51) 99967-1607 ou por e-mail: ibembrasil.org@gmail.com

PIX: 21026742072

ALOJAMENTO: 

A Fazenda Martimar fica a 27 km da cidade de Canguçú.

Hoteis em Canguçu:

Hotel Veneto: (53) 8412-0065 

Hotel Canguçu Express: (53) 98427-4409

Acampamento. Quem desejar pode levar a sua barraca para acampar na fazenda. Fazer contato direto com Márcia: (53) 9979-3014.

SAIBA MAIS 

SOBRE A FAZENDA MARTIMAR:

https://www.cangucu.rs.gov.br/portal/turismo/0/9/4902/fazenda-martimar

SOBRE O PROJETO LONE STICK

https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/64261557/projeto-controle-do-carrapato-faz-avaliacao-no-sul

Atrações que podem ser visitadas no domingo:

Olivais da Serra dos Tapes.

https://casaverde.tur.br/produtos/olivais-da-serra-dos-tapes/

LIVE HOMEOPATIA NA PECUÁRIA

Dia 29 de março, a partir das 19:30 h ocorreu uma Live com o Med. Vet João Vasco Dutra que é gaúcho e trabalha em SC. Ele fez o relato dos resultados do uso da homeopatia em bovinos para controle de parasitos, mamite, verrugas etc. O manejo rotacionado baixa a contaminação ambiental dos parasitas e patógenos, e a homeopatia fortalece as defesas naturais. Estratégia excelente para sistemas orgânicos!

LARVAS DE MOSCA SOLDADO NEGRO (HERMETIA ILLUCENS) NA ALIMENTAÇÃO DE GALINHAS

Por *Marcelo Tempel Stumpf 

A mosca Soldado Negro (Hermetia illucens – Figura 1) é um inseto que coloniza resíduos orgânicos e dejetos sólidos animais. Essa espécie é vista como um inseto benéfico, uma vez que converte resíduos, tais quais o esterco, restos de alimentos e outros materiais orgânicos (biomassa de resíduos), em proteína animal (biomassa de insetos) de excelente valor nutricional. Ao mesmo tempo em que diminuem impactos ambientais negativos, podem ser utilizados como alternativa alimentar para os animais de criação, como as galinhas.

Essas moscas apresentam um ciclo de vida de 45 dias, dentro dos quais passam por estágios de ovos, larvas e pupas (Figura 2) antes de se tornarem adultos. Esse período final da vida dura cerca de nove dias, quando as moscas consomem somente água (não se alimentam), se reproduzem, ovipositam e morrem. Seu uso como alimento para os animais é entre as fases de larva e pupa, quando contêm altos teores proteicos. Um compilado de estudos feito por Wang & Shelomi (2017) demonstra valores de proteína bruta na farinha de larvas de mosca Soldado Negro de 37,9% a até 47,6% quando as mesmas se alimentam de dejetos animais. Abd El-Hack et al. (2020) encontraram níveis proteicos acima dos da soja, com teores superiores em lisina e metionina, além de quatro outros aminoácidos. 

Seu uso na nutrição de aves já foi estudado (Ruhnke et al., 2017) e os achados demonstram que tal farinha é promissora fonte nutricional, garantindo satisfatória produção quando compõe dietas. Segundo dados dos mesmos autores, as larvas da mosca são altamente palatáveis e as galinhas apreciam seu sabor, até mesmo preferindo esse alimento ao invés dos baseados em trigo e soja. 

            Importante: a dificuldade em produzir farinha de larvas em grande quantidade, a ponto de ser uma fonte nutricional de longo prazo inserida em uma dieta formulada, faz com que esse tipo de alimento seja bem visto como um acréscimo à dieta, com as galinhas tendo nas larvas mais uma fonte de proteína. Nesses casos o ideal é fornecê-las vivas, logo após captura. 

            Para iniciar a produção de larvas é preciso de um ambiente no qual o ciclo de vida do inseto possa ocorrer. As moscas adultas necessitam de um local seco e abrigado onde possam botar os ovos; uma dica é usar papelão cortado ao meio (as moscas ovipositam nas fendas do papelão) e colocar sobre um local com restos orgânicos, podendo ser uma composteira ou recipiente contendo resíduos (mistura de esterco de aves e água é um bom atrativo).

           Quando eclodem, as larvas caem no resíduo orgânico e se alimentam de forma voraz, crescendo até atingir as fases de pré-pupa e pupa. Na fase de pré-pupa o inseto migra para um local seco para poder avançar no ciclo de vida. Com isso em mente, a captura pode se dar de diferentes formas, bastando haver uma rota para que os insetos saiam do composto orgânico em busca de um local seco. A Figura 3 traz um recipiente com resíduos orgânicos onde as larvas se alimentam e avançam em seu ciclo de vida; marcado com setas estão as rampas de fuga das pré-pupas, as quais conduzem os insetos até um balde de coleta. Cabe a ressalva de que não se trata de um sistema de criação sem controle nenhum e com dejetos/restos orgânicos sendo largados em qualquer local da propriedade, pois isso acaba atraindo outros insetos e roedores, sendo fonte de disseminação de patógenos

 Para melhor controle populacional, é possível o uso de tela no entorno do criatório (Figura 4).

Apesar de sua baixa utilização em sistemas de criação animal locais, pensar alternativas alimentares é sempre interessante quando tratamos de sistemas agroecológicos, os quais prezam pela otimização no uso da energia local e na maior autonomia de criadores e criadoras. 

Abd El-Hack, M.E. et al. Black Soldier Fly (Hermetia illucens) Meal as a Promising Feed Ingredient for Poultry: A Comprehensive Review. Agriculture, v.10, 2020. 

Ruhnke, I. et al. Feed refusal of laying hens – A case report. In Proceedings of the 28th Annual Australian Poultry Science Symposium, Sydney, New South Wales, Australia, 13–15 February 2017. pp. 213–216.

Wang, Y., Shelomi, M. Review of Black Soldier Fly (Hermetia illucens) as Animal Feed and Human Food. Foods, v.6, 2017

  • Marcelo Tempel Stumpf é Engenheiro Agrônomo pela UFPel, com mestrado e doutorado em Zootecnia pela UFRGS. Atualmente é professor do curso de Bacharelado em Agroecologia da Universidade Federal do Rio Grande (FURG). Contato: marcelo.stumpf@furg.br

RAÇAS E VARIEDADES DE GALINHAS PARA AVICULTURA ORGÂNICA

Med. Vet. Flávio Figueiredo*

A avicultura teve um período inicial quando, em diversas partes do mundo, foram selecionadas populações de galinhas para atender necessidades diversas e específicas, muitas vezes ligadas a determinadas regiões e suas peculiaridades culturais (1800 a 1900). Neste período houve uma estruturação destas populações que acabaram por se consolidarem em “raças puras”. Como exemplo temos as raças Leghorn (mediterrânea), Sussex, Orpington e Cornish (Europa), Rhode Island Red (USA) Brahma e Cochinchina (Ásia).

Logo após a avicultura assume um caráter comercial (1930 a 1970), quando são estabelecidos sistemas de produção ao ar livre, os quais possuíam semelhanças com os sistemas de produção orgânicos de hoje. Surgiram então novas raças, oriundas de cruzamentos entre as raças antigas. Exemplos são a New Hampshire, a Plymouth, a Wyandotte e a Gigante Negro de Jersey, nas quais a produtividade, a precocidade, a docilidade, a capacidade de forrageamento e a rusticidade foram selecionados.

A partir de 1960 a avicultura se desenvolve como uma atividade intensiva, quando o acesso ao ambiente externo foi restringido até se constituir em sistemas totalmente fechados (“industriais”). Para estes sistemas foram selecionadas populações oriundas de cruzamentos das raças puras, mas que sofreram um processo drástico de seleção, formando linhagens com índices produtivos extraordinários. As principais raças utilizadas foram a Leghorn e a Rhode Island Red para produção de ovos e a Plymouth e a Cornish para produção de carne.

Raças puras de produção: Wyandotte, Orpington e New Hampshire e Sussex sendo criadas para utilização como reprodutores em sistemas ao ar livre

Atualmente encontramos diversas linhagens industriais que estão disponíveis no mercado para serem utilizadas na avicultura industrial e que se adaptam também a produção orgânica e sistemas ao ar livre, das quais destacamos as variedades Isa Brown para produção de ovos e Hendrix para produção de carne.

Com o retorno dos sistemas de produção ao ar livre, surgiram novas linhagens também baseadas no cruzamento de raças puras, criadas para atender a nova realidade destes sistemas. A genética SASSO na França a EMBRAPA no Brasil apresentam diversas variedades com este propósito, sendo opções interessantes e com viabilidade econômica para os sistemas de produção ao ar livre. Estas variedades estão disponíveis e podem ser utilizadas com sucesso na avicultura orgânica. ́

Ainda é importante considerar as raças autóctones, que foram selecionadas ao longo de anos em diversas regiões do mundo fixando características produtivas importantes e adaptadas as culturas regionais onde foram estabelecidas.

No Brasil é destaque a raça Canela-Preta oriunda de cruzamentos de raças trazidas por imigrantes no período colonial que sofreram isolamento genético que permitiu a manutenção de suas características até os dias atuais.

A Canela-Preta é encontrada no nordeste brasileiro, e vem sendo pesquisada visando seu aproveitamento em sistemas de produção ao ar livre.

Contudo, as variedades hoje disponíveis para avicultura orgânica ainda deixam a desejar em alguns aspectos. A incapacidade de aproveitar satisfatoriamente os nutrientes contidos nos pastos e vegetais, a necessidade de alimentos com elevados conteúdos protéicos para viabilizar a produção, a baixa capacidade de forrageamento, e a baixa resliência são alguns exemplos de “gargalos” que podem ser superados.

Sem dúvida, as raças puras formadoras e as raças autóctones devem ser resgatadas e preservadas e ainda melhor estudadas, pois se constituem a base genética para seleção de novas populações para serem utilizadas na avicultura orgânica a qual preconiza em seus sistemas de produção o aproveitamento de alimentos alternativos, um baixo impacto ambiental, constante desafio ambiental e a ausência de tratamentos quimioterápicos.

  • Flávio Figueiredo é Médico-Veterinário pela UFPEL, com Mestrado em Bioquímica pela UFRGS. Atualmente é produtor de ovos orgânicos. Contato: flaviofigueiredo@gmail.com

GUIA RÁPIDO TRANSIÇÃO À PECUÁRIA ORGÂNICA

O Guia Rápido Transição à Pecuária Orgânica foi editado pela UFRGS e produzido no âmbito do Curso on-line Pecuária Orgânica: ruminantes e pastagens, (06/2021- 03/2122), fruto de uma parceria entre o Instituto do Bem-Estar (IBEM) e a Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Ele apresenta de forma resumida a sequência de etapas para uma boa transição do sistema convencional de criação de animais para o sistema orgânico, considerando a legislação brasileira de produção orgânica.

Originalmente proposto para atender os participantes do Curso,  devido ao crescimento da importância do tema no contexto atual e a carência  de informações nesta área, os organizadores resolveram publicar e disponibilizar o Guia gratuitamente para todos.

O Guia foi organizado pelas coordenadoras do Curso, a Med.Vet. Angela Escosteguy e a Med. Vet. Márcia Monks Jantzen,  e contou também com a colaboração de diversos especialistas:  Eng. Agr. Alberto Nagib Miguel , Med. Vet. Maria Helena Souza de Abreu, Eng. Agr. Magnólia Aparecida Silva da Silva  e da estudante de medicina veterinária Fernanda Moreira de Azevedo. Conforme as organizadoras não é parte do documento detalhar o conteúdo ou procedimentos de como fazer, mas sim indicar todos os aspectos que devem ser considerados, sugerindo uma ordem cronológica. 

O GuiA é composto por oito capítulos:

1) Considerações iniciais

2) Situação da propriedade                       

3) Escolha e aquisição dos animais        

4) Cercados e pastagens                          

5) Instalações,  ambiente da criação e bem-estar  animal

6) Nutrição animal 

7) Sanidade animal e biossegurança

8)  Horto medicinal e  farmácia viva local

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    BEM SOLIDÁRIO COM DOAÇÕES PARA MORADORES DE RUA

    O IBEM colaborou com doações para a campanha organizada pela ONG Misturaí. Foram distribuídos 200 kits de higiene para os moradores de rua e certidões de nascimento.
    A Misturaí é uma organização não-governamental (ONG) que atua desde 2018 na Vila Planetário, no bairro Santana, com projetos voltados ao auxílio de famílias necessitadas da região. Para os adultos, oferece os projetos Costuraí e Cozinhaí, desenvolvendo habilidades manuais nas áreas do artesanato e da culinária para formar futuros empreendedores. Já o Gurizadaí oferece às crianças e adolescentes atividades de reforço escolar, oficina de informática e aulas de inglês. Com a pandemia, a Misturaí também passou a atuar na área da assistência social, distribuindo cestas básicas e kits de higiene para cerca de 200 moradores de ruas e 100 famílias carentes. Também oferece café da manhã, lanche na tarde e jantar para a população carente, de segunda-feira a sábado. Outra ação é a arrecadação e doação de agasalhos e cobertores.