Criado Grupo Animal da IFOAM – América Latina

Ocorreu na semana passada (23/01)a reunião de formalização do Grupo Animal da Federação Internacional de Movimentos de Agricultura Orgânica da América Latina, (IFOAM-AL), com a participação de Homero Blas, vice-presidentes da IFOAM AL e mais 10 pessoas provenientes de vários países.

Foram eleitos Angela Escosteguy e Alfredo Bravo, como coordenadora e vice. Como os objetivos o grupo identificou (1) a importância de defender a pecuária extensiva sustentável tendo em vista os ataques que o setor vem sofrendo de forma generalizada, pela sua enorme importância social e ambiental em todos países do continente e (2) promover o conhecimento e desenvolvimento da pecuária orgânica na América Latina.

Primeiras ações propostas:

 Organizar um grupo de comunicação virtual;

 Realizar eventos educativos virtuais e presenciais este ano;

 Organizar um banco de dados específico sobre este tema na região;

 Preparar material para enviar para o Congresso Mundial da IFOAM que ocorrerá este ano, previsto para ocorrer em Taiwan.

Próxima reunião será dia 27/02, 11:30 h (hora Brasil). Interessados em participar deste Grupo, contatar: (55) 51 99967-1607.

SOBRE OS ALIMENTOS DE LABORATÓRIO

                                                                                               Por:  Med. Vet. Silvia Terra

Para o cultivo de células em laboratório existe um aparato necessário em termos de equipamentos para fazer isso como: estufas de CO2, freezers -80C, meios de culturas caríssimos material plástico para cultura celular e reagentes. Trabalhei com cultura de células tronco de tecidos adiposo e linhagens celulares tumorais no mestrado e doutorado. A quantidade de lixo plástico gerado é absurda. O gasto energético pra manter estufas de CO2 e freezers a -80C é assustador.

Sem análise de risco para a saúde o ambiente os animais e as pessoas incluindo os produtores rurais vão lançando estas porcarias para as pessoas. Vamos ficar quietos até quando? E o modelo para o Brasil? Espero que não acreditemos que seja este.

Fora isso, em qualquer cultura celular não é fácil manter o cultivo num ambiente bidimensional. Não existe uma cultura perfeita que simule um tecido vivo dentro de um organismo. Isso requer culturas tridimensionais com suportes artificiais.

Quando consumismo carne de bovino ou outra espécie, ingerindo não só proteína. Ingerimos tudo que vem junto nessa estrutura tridimensionais natural como: vitaminas, gordura, cartilagem, vitaminas, minerais e ácidos graxos. Em um sistema de laboratório não é possível fornecer tudo isso, ou seja , além de mais caro para produzir, é um alimento mais pobre em nutrientes. Isso já era absurdamente caro antes da pandemia. Imagino quanto não está agora.

Nesta proposta perdermos a conexão com a nossa própria alimentação e origem do que consumimos. Um desastre. Sem falar nas citocinas que são necessárias pra induzir o crescimento celular .

Além disso, é assustador a quantidade de lixo gerada nos laboratórios de pesquisa de cultura de células. São muitas garrafinhas plásticas usadas para isso que são descartadas no lixo biológico. Não sei se isso tem reciclagem. Acredito que não, por ser descarte biológico. Outro fator importantíssimo é o uso contínuo de antibióticos nessas culturas. Eu usava gentamicina e fungicida para manter as células. Tudo isso em capelas fluxos que são muito caras .

As balas de CO2 pra manter as estufas são uma fortuna também. Não consigo entender qual a vantagem de investir em algo tão custoso. Entendo que a cultura celular é importante pra estudos com objetivo médico de tratamento de doenças como : Alzheimer, câncer , Parkinson, diabetes etc. Com a finalidade nutricional, acho insano e incoerente já que temos isso pronto no organismo animal.

Todos dependemos de proteína para viver, mas vamos tirar milhares de produtores e animais para ter um negócio lucrativo para algumas empresas ? Quando o produtor sair do campo não haverá mais ninguém cuidando dos territórios rurais, biomas e vida silvestre.

Vamos deixar os urbanos ditando como o rural deve proceder ?

*Silvia Terra, médica veterinária com doutorado em Bioquímica, pelo Departamento de Bioquímica da UFRGS.

COMO SALVAR O PAMPA?

Angela Escosteguy*

Recentemente fui a Livramento e fiquei apavorada com a paisagem. Onde está nosso Pampa e sua rica biodiversidade, base da nossa cultura e tradições? Por todos lados só vi imensas plantações de soja ou de árvores para papel, verdadeiros desertos verdes e as vezes algumas plantações de arroz ou pomares  E muito de vez em quando, um gadinho remanescente, como que esquecido e de longe parecendo um  bordadinho colorido e vivo naquela paisagem.

Isto tudo começou após a Segunda Guerra Mundial quando veio a Revolução Verde que modificou completamente os sistemas de produção de alimentos e convenceu a todos que o uso de fertilizantes químicos, agrotóxicos, monoculturas  e a  intensificação dos processos produtivos iria acabar com a fome no mundo. Alguns anos depois foi a vez dos transgênicos  e a venda de sementes patenteadas, prometendo culturas resistentes à pragas, à seca e supostamente  mais nutritivas. Agora assistimos um narrativa crescente que a pecuária deve ser eliminada porque agride o ambiente e a solução então é passaremos a comer alimentos processados de base vegetal ou culturas de células produzidas em laboratório. A agricultura foi substituída pelo agronegócio.

Aliás isso já vem faz tempo. Primeiro condenaram  a banha de porco e logo todos passamos a usar óleo de soja. Depois foi a vez da manteiga, que deu lugar à margarina. Na sequência o ovo e as acusações sobre colesterol. Agora a ciência comprovou que a banha, a manteiga e ovos são mais saudáveis e muito mais ricos em nutrientes que os alimentos de base vegetal que os substituíram. E a carne, tão acusada,  fornece proteínas de alta qualidade e vários nutrientes, alguns dos quais nem sempre são obtidos com dietas vegetais. Ela contém  vitaminas como B12, B, retinol, ômega e ácidos graxos, vários minerais, (como cálcio, ferro e zinco) e uma variedade de compostos bioativos importantes. (Animal Frontiers, 2023).

FOTOS ACERVO IBEM.

Do ponto de vista ambiental, estudos recentes da FAO e da Universidade de Oxford mostram que  o gado bem manejado, aplicando princípios agroecológicos, pode gerar muitos benefícios, incluindo sequestro de carbono, melhoria do solo, biodiversidade, proteção de bacias hidrográficas e prestação de importantes serviços ecossistêmicos. Os herbívoros são parte natural dos ecossistemas mundiais e têm desempenhado um papel fundamental nos últimos milhões de anos. Como o número de herbívoros selvagens diminuiu bastante, em grande parte devido à ação humana, a manutenção de tais funções depende de uma gestão pecuária adequada. A pecuária deve ser aprimorada, mas não reduzida ou suprimida.

Não vejo outra maneira de salvarmos o nosso Pampa e sua biodiversidade se não for com ruminantes conduzidos com princípios agroecológicos. Isso sem falar na geração de trabalho e renda para milhares de pecuaristas familiares.

*Méd. Vet. Diretora do Instituto do Bem-Estar (IBEM)  e 

Coordenadora da Comissão de Pecuária Orgânica do CRMV-RS.

QUALIDADE DOS ALIMENTOS ORGÂNICOS

Seguem informações detalhadas e infográficos preparados pelo  Instituo do Bem-Estar (IBEM) em parceria com a Faculdade de Veterinária da UFRGS e com o apoio do Conselho Regional de Medicina Veterinária do RS.

PECUÁRIA CONSERVATIVA NO BIOMA PAMPA

Por: Eduardo Antunes Dias *

O Rio Grande do Sul possui um bioma único, o Pampa, sendo que a sua fisionomia é composta por um mosaico vegetal com predominância de gramíneas (Poaceae) do ciclo fotossintético C3, de clima temperado, e C4, de clima quente, ambos estando presentes nos campos barba-de-bode da região das Missões, nos campos de solos rasos e de solos profundos da região da Campanha, nos campos sobre Areais, nos campos da Depressão Central, nos campos do Litoral e na vegetação savanóide da Serra do Sudeste (PILLAR e LANGE, 2015). Na atual época geológica do Holoceno, os bovinos realizam um papel semelhante ao dos herbívoros da megafauna (equídeos, camelídeos, cervídeos gigantes, tatus gigantes, preguiças gigantes, notoungulados, mastodontes, etc) que aqui habitaram até 10.000 anos atrás, no Pleistoceno (KERN, 1997).

Todas estas espécies herbívoras pastadoras, atuais e anteriores, coevoluíram com as espécies vegetais e fazem pressão de pastejo para a manutenção da diversidade das espécies de gramíneas dos estratos de porte baixo (prostradas) e de porte alto (cespitosas), além de contribuírem para o sequestro de carbono. A revisão de 115 estudos em 17 países do efeito do manejo da pastagem sobre a matéria orgânica do solo demostram que as taxas de sequestro de carbono podem chegar até a 3 t C/ha/ano (CONAT et al., 2001). Destaca-se que a bovinocultura está enraizada na cultura gaúcha desde a introdução do gado na época das Missões Jesuítica (século XVII), quando as etnias Charrua e Minuano dominavam o Pampa. Já nos tempos atuais a figura do Pecuarista Familiar que basicamente utiliza os elementos da natureza em sistemas de criação com até 300 ha, auxilia de sobremaneira na manutenção dos estoques bovinos no território e consequentemente conserva a vegetação nativa do Bioma Pampa (MAZURANA, DIAS e LAUREANO, 2016; WAQUILL, 2016).

Foto: Eduardo Amato Bernhard

O manejo adequado realizado no campo nativo por diversas técnicas que se valem do estádio fenológico e da estrutura do pasto, como o ponto ótimo de repouso do Pastoreio Racional Voisin (BERTON e RICHTER, 2011), ou a Oferta de Forragem de 12% do peso vivo de Matéria Seca (PILAR, 2009), ou o Índice de Conservação de Pastagens Naturais – ICP (PARERA, A. e CARRIQUIRY, 2014), ou os 40% de rebaixamento da altura inicial da pastagem no Pastoreio Rotatínuo (PRATES, 2018), são igualmente benéficas para a conservação deste Bioma, tanto que já foram encontradas 57 espécies vegetais em apenas um metro quadrado de campo nativo (GAUCHA ZH CLICRBS, 2015). É possível até mesmo regenerar áreas degradadas com o uso do manejo holístico de rebanhos bovinos (SAVORY, 2020). Quanto aos aspectos nutricionais da carne dos animais criados em campo nativo, esta tem menor teor de gordura total, maior teor de vitamina A, maior teor de ácidos graxos ômega-3, maior relação de ácidos graxos polinsaturados:saturados e maior teor de ácido linoleico conjugado (cLA), sendo que estes últimos elementos têm propriedades anticarcinogênicas e reduzem os riscos de doenças coronarianas (BRIDI, CONSTANTINO e TARSITANO, 2016).

Portanto, o incentivo ao desenvolvimento de uma cadeia econômica de baixo carbono que priorize a conservação e o uso sustentável dos elementos naturais, a produção de alimentos orgânicos com terroair único, a denominação de origem, bem como com a promoção do turismo rural e ecológico, é uma estratégia adequada e eficiente para a conservação do Pampa.

*Eduardo Antunes Dias, médico veterinário, professor dos cursos de Agroecologia e Licenciatura em Educação do Campo da FURG, Campus São Lourenço do Sul. Email: eduardo.dias@furg.br

REFERÊNCIAS:

BERTON, C. T.; RICHTER, E. M. Referências Agroecológicas Pastoreio Racional Voisin (PRV). CPRA:Curitiba, 2011. Disponível em: <https://www.bibliotecaagptea.org.br/zootecnia/forragens/livros/REFERENCIAS%20AGROECOLOGICAS%20PASTOREIO%20RACIONAL%20VOISIN.pdf>. Acesso em 29/05/2023.

BRIDI, A. M.; CONSTANTINO, C.; TARSITANO, M.A. Qualidade da carne bovina produzida em pasto. GPAC – UEL. 18 p. Disponível em:<http://www.uel.br/grupo-pesquisa/gpac/pages/arquivos/Qualidade%20da%20Carne%20de%20Bovinos%20Produzidos%20em%20Pasto.pdf>. Acesso em 29/05/2023.

CONANT, R. T. et al (2001) Grazing land management and conversion into grazing land: effects of soil carbon. Ecological Application, 11:343-355; Braga G. J. (Jan-Jun 2010).

GAUCHA ZH CLICRBS – EDUCAÇÃO E TRABALHO. 27/02/2015. Biodiversidade: Cientistas encontram 57 espécies diferentes em um metro quadrado no Pampa. Disponível em: <https://gauchazh.clicrbs.com.br/educacao-e-emprego/noticia/2015/02/cientistas-encontram-57-especies-diferentes-em-1-m-no-pampa-4708525.html>. Acesso em 29/05/2023.

KERN, Paleopaisagens e povoamento pré-histórico do Rio Grande do Sul. In: Arqueologia Pré-Histórica do RS (eds. Kern A., Jacobus A., Ribeiro P.M., Copé S., Schmitz P.I., Naue G. e Becker I.B.). Mercado Aberto Porto Alegre, pp. 13-61.

MAZURANA, J.; DIAS, J. E. LOUREANO, L. C. Povos e comunidades tradicionais do Pampa. Pecuaristas Familiares. p. 69-100. Porto Alegre : Fundação Luterana de Diaconia. 2016. Disponível em: <https://fld.com.br/wp-content/uploads/2019/06/Livro-povos-e-comunidades-tradicionais-do-pampa.pdf>. Acesso em 29/05/2023.

PARERA, A.; CARRIQUIRY, E. Manual de Prácticas Rurales associadas al Índice de Conservación de Pastizales Naturales (ICP). Aves Uruguay :  Projecto de Incentivos a la Conservacion de Pastizales Naturales del Cono Sur de Sudamérica. 204 pp. 2014. Disponível em: <https://pastizalesdelsur.files.wordpress.com/2014/03/manual-icp-18-03.pdf>. Acesso em 29/05/2023.

PILLAR, V. P.; LANGE, O. Os Campos do Sul/ Porto Alegre:Rede Campos Sulinos – UFRGS, 2015. Capítulo 13 – Produção animal com base no campo nativo: aplicações de resultados de pesquisa. P. 175-198. Disponível em: <http://ecoqua.ecologia.ufrgs.br/Camposdosul/Campos_do_Sul_TELA.pdf>. Acesso em 29/05/2023.

PILLAR, V. P. Campos Sulinos – conservação e uso sustentável da biodiversidade. Brasília: MMA, 2009. Capítulo 3 – Fisionomia dos campos. P. 31-42. Disponível em: <http://ecoqua.ecologia.ufrgs.br/arquivos/Livros/CamposSulinos.pdf>. Acesso em 29/05/2023.

PRATES, A.P. Pastoreio Rotatínuo: o primeiro passo para intensificação sustentável. TCC para obtenção de grau pela Faculdade de Agronomia da UFRGS. 2018. 28 p. <https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/187998/001084112.pdf?sequence=1>. Acesso em 29/05/2023.

SAVORY, A. Management must be holistic. Disponível em: <https://savory.global/holistic-management/>. Acesso em 29/05/2023.

WAQUIL, P. D. Pecuária familiar no Rio Grande do Sul: diversidade social e dinâmicas de desenvolvimento. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2016, 288p. Disponível em: <https://www.ufrgs.br/pgdr/wp-content/uploads/2021/12/2016-Livro-Pecuaria-Familiar-no-Rio-Grande-do-Sul-COMPLETO.pdf>. Acesso em 29/05/2023.

IMPORTÂNCIA DA AMOREIRA  NA SUPLEMENTAÇÃO PROTEICA DE CAPRINOS A PASTO

Por Elisa Köhler Osmari*

Figura 1: Amoreiras (Morus alba) para suplementação animal

Além da raça e estágio de lactação, a produção de leite dos ruminantes é afetada pela sazonalidade da pastagem. O inverno sul brasileiro favorece pastagens hibernais de alto conteúdo de proteína bruta (PB), com alta resistência ao frio (Moreira et al, 2001) enquanto o verão propicia gramíneas tropicais. Contudo, existem períodos de vazio forrageiro, decisivos para animais em lactação. Nesse contexto, existe a alternativa da suplementação com família Moraceae. (Doringan et al, 2004). A árvore da amoreira (Morus alba) foi introduzida para cultivo do bicho-da-seda no país, antes da produção em massa de tecidos sintéticos. A amoreira possui importância farmacológica e nutricional (Souza, 2021; Barros e Amorim, 2019): na medicina tradicional chinesa, as folhas, frutos e caules de amoreira são usados no tratamento do Diabetes Mellitus, do colesterol, como sedativo, expectorante, analgésico, diurético e antiepilético (Zeni et al, 2010). As folhas da amoreira são ricas em flavonoides utilizados na indústria farmacêutica (Barros e Amorim, 2019; Wang et al. 2008). Não ocorrem grandes diferenças na composição bromatólogica entre amoreiras do gênero Morusdestinadas à produção de frutas. Já o seu uso para alimentação animal está relacionado às pequenas áreas de agricultura familiar, sendo historicamente usada na Ásia, sua região originária (Souza, 2021). 

Para suplementação de caprinos, a amoreira pode ser usada:

•          Como banco de proteína, em ramoneio;

•          Na forma picada no cocho, até 2 cm de diâmetro;

•          Como feno ou pré-secado picado;

•          Em último caso, como silagem, especialmente de folhas.

A maior seleção pelas cabras ocorre no pastejo no banco de proteína, onde os caprinos são soltos no pomar de amoreiras para pastoreio por 1-2 h/dia. Depois voltam para seus piquetes com gramíneas para obter alimentação mais balanceada entre proteína e energia. Além de palatável para caprinos, a amoreira possui folhas com altas quantidades de proteína, elementos minerais, menos celulose e melhor digestibilidade do que a folha de alfafa ou feno de soja (Dorigan et al, 2004). Por outro lado, os galhos finos picados com as folhas fornecem uma boa fonte de fibra efetiva, evitando a queda da gordura do leite, mesmo combinado com suplemento concentrado. O feno de amoreira é um volumoso proteico que, com tamanho de partícula (picado) ideal, não diminui a gordura no leite, ao contrário de dietas com alto teor de concentrados. Por favorecer a flora ruminal que produz esse equilíbrio de ácidos graxos desejáveis (Osmari et al, 2012), aumenta as gorduras saudáveis do leite como o ácido linoleico conjugado (CLA).

O feno pode ser usado para todos os ruminantes, sendo aconselhável, especialmente para vacas leiteiras, com menor seletividade do que os caprinos, não ultrapassar de 2 cm de diâmetro dos ramos a serem cortados para fornecimento no cocho. Se o diâmetro do picado for grande demais, retarda a digestão no rúmen pelas bactérias, limitando o consumo físico. Quando um animal enche o rúmen, mas não obtém os nutrientes necessários, a isso chamamos de fome oculta.

No caso de do consumo voluntário do feno de Morus alba por caprinos em pastejo sobre tifton+aveia, no experimento (Osmari et al, 2009) conduzido em Maringá-PR a espessura dos galhos não ultrapassou 1 cm (diâmetro). Mesmo picado, o feno de amoreira permitiu seletividade pelas cabras lactantes, com visível rejeição de frações do caule lignificado e potencialização da ingestão de proteína e de energia. A proteína bruta média de 20,10% e a digestibilidade in vitro (DIVMS) 72,85% foram afetadas pela espessura dos ramos, proporção de folhas, ocorrências de geada na fenação.

Na Índia, pesquisas sobre alimentação de caprinos exclusiva com amoreira, encontraram ingestão de energia limitada dependendo da meta de ganho de peso. Anbarasu et al (2004) verificaram uma econômica mistura volumosa proteica constituída por: folhas de Leucaena leucocephala, Morus alba e Tectona grandis(2:1:1) para atender 50% do requerimento protéico de cabras, em mistura com dieta basal de palha do trigo substituindo suplementos convencionais, sem efeitos adversos no consumo voluntário, na utilização de nutrientes, nas enzimas séricas ou no status imune. Ba et al (2005) verificaram, em dois experimentos, um aumento do consumo de matéria seca (MS) na ordem de 40%, com a ingestão total de 3,41 kg de MS/ 100 kg de peso vivo (PV) em caprinos em crescimento à pasto, quando a silagem de amoreira suplementar foi fornecida na quantidade de 0,75 kg/dia. Quando a silagem de amoreira foi ingerida sozinha, o consumo foi apenas de 3,02 kg MS/100 kg PV, superior ao consumo de 2,70 kg MS/100 kg PV da dieta somente com pastagem. Um consumo voluntário de 3,91 kg PV/100 kg PV foi relatado por Theng et al (2003), no Camboja, para caprinos em crescimento alimentados somente com folhagens verdes de amoreira, enquanto o consumo atingiu 4,98% do PV com a seleção pelo próprio animal através da suspensão da folhagem (haste com folhas). No entanto, faltam mais trabalhos no Sul do Brasil que expressem seu potencial na forma de desempenho animal para a produção de leite e de carne caprinos, bem como sobre a forma como é oferecida (feno, silagem ou fresca).

* Elisa Köhler Osmari é Zootecnista formada pela UFSM-RS, com Mestrado em Forragicultura pela UEM – PR. É analista na Embrapa Pecuária Sul, Bagé/RS, integrante do COBEA/CFMV e da Comissão de Pecuária Orgânica CRMV-RS. Contato: elisa.osmari@embrapa.br

Referências bibliográficas:

ANBARASU, C.; DUTTA, N., SHARMA, K., &amp; RAWAT, M. Response of goats to partial replacement of dietary protein by a leaf meal mixture containing Leucaena leucocephala, Morus alba and Tectona grandis. Small Ruminant Research, v.51, n.1, p.47-56, 2004.

BA, N.X.; GIANG, V.D.; NGOAN, L.D. Ensiling of mulberry foliage (Morus alba) andthe nutritive value of mulberry foliage silage for goats in central Vietnam. In: LivestockResearch for Rural Development, v.17, n.2, p.1-9, 2005. Disponível em:&lt;http://www.cipav.org.co/lrrd/lrrd17/2/ba17015.htm&gt;. Acesso em: 3/4/2005.

BARROS E AMORIM. Adição de folha de amoreira (Morus spp.) Como suplemento enriquecedor da multimistura. SaBios: Rev. Saúde e Biol., v.14, n.2, p.1-7, 2019.

DORIGAN, C.J.; RESENDE, K.T.; BASAGLIA, R. et al. Digestibilidade in vivo dosnutrientes de cultivares de amoreira (Morus alba L.) em caprinos. Ciência Rural, v.34,n.2, p.539-544, 2004.

MOREIRA, F.B.; CECATO, U.; PRADO, I.N. et al. Avaliação de aveia preta cv Iapar61 submetida a níveis crescentes de nitrogênio em área proveniente de cultura de soja.Acta Scientiarum, v.23, n.4, p.815-821, 2001.

OSMARI, Elisa Köhler. Production of Goat’s Milk and Fatty Acids Profile: A NewPerspective in Human Diet. In: Diego E. Garrote; Gustavo J. Arede. (Org.). Goats:Habitat, Breeding and Management. 1ed.Hauppauge: Nova Science Publishers, 2012, v.1, p. 39-70.

OSMARI, E.K.; CECATO, U.; MACEDO, F.A.F.; ROMA, C.F.C.; FAVERI, J.C.; AYER, I.M. Consumo de volumosos, produção e composição físico-química do leite de cabras F1 Boer× Saanen. Revista Brasileira de Zootencia, v. 38, n.12, p. 2473-2481.2009.

SOUZA, A.P. Aspectos anatômicos e farmacognósticos de folhas de amoreira. 2021. 16 p. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Bacharelado em Ciências Biológicas), Instituto Federal Goiano, Campus Rio Verde, Rio Verde, 2021. Disponíve em: &lt;https://repositorio.ifgoiano.edu.br/bitstream/prefix/2192/3/TCC_Aleandra.pdf&gt;.Acesso em: 02/02/2023.

THENG, K.; PRESTON, T.; LY, J. Studies on utilization of trees and shrubs as the sole feedstuff by growing goats; foliage preferences and nutrient utilization. July 2003. Livestock Research for Rural Development 15(7):17-37. v.15, n.7, p.17-37, 2003.

WANG, J.; et al. Isolation of flavonoids from mulberry (Morus alba L.) leaves with macroporous resins. African Journal of Biotechnology, v. 7, n. 13, p. 2147-2155, 2008.

ZENI, A. L. B.; DALL’MOLIN, M. Hypotriglyceridemic effect of Morus alba L., Moraceae, leaves in hyperlipidemic rats. Revista Brasileira de Farmacognosia, v. 20, n.1, p. 130-133, 2010.

IBEM PARTICIPA DE CAMPANHA DE DISTRIBUIÇÃO DE MATERIAL ESCOLAR

IBEM PARTICIPA DE CAMPANHA DE DISTRIBUIÇÃO DE MATERIAL ESCOLAR

Semana passada ocorreu a entrega do material escolar da campanha organizada pelos Peregrinos Revolucionários.

Este ano foram entregues pastas com material escolar para crianças do Bairro Umbu, em Alvorada, Lar Esperança e Aldeia Kaigang, no morro Santana.

Pelo quinto ano o IBEM se sente feliz por fazer parte desta iniciativa. É sempre uma alegria poder dar nossa modesta contribuição para iauxiliar as crianças a estudar.

Painel Importância da Pecuária

Em comemoração ao Dia do Pampa, foi realizado no 16 de dezembro/2022
o painel virtual: A importância da pecuária para a preservação do bioma Pampa,
uma realização do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Rio grande do
Sul através da sua Comissão de Pecuária Orgânica.

  • O painel foi moderado pela Méd. Vet Angela Escosteguy, Presidente da Comissão
    de Pecuária Orgânica e foi composto de dois blocos:
    Bloco 1 – Apresentações de especialistas em pecuária de base agroecológica
    • Eng. Agr. Carlos Nabinger – Prof. titular aposentado da Ufrgs, Especialista
    em uso e manejo conservacionista de pastagens nativas.
    • Méd Vet Marcos Flávio Borba – pesquisador Embrapa Pecuária Sul,
    Agroecologia e Desenvolvimento Sustentável, Pecuária Familiar
    Agroecológica
    • Eng. Agr. Alberto Miguel – Especialista em Gerenciamento e Manejo
    Holístico de pastagens.
    Bloco 2 – Depoimentos de criadores de animais com práticas agroecológicas
    • Méd. Vet Márcia Duarte – Administradora da Fazenda Martimar/Canguçu,
    Projeto lone-tick desde 2021, em transição para orgânicos.
    • Méd. Vet Luiza Cheuiche – Administradora da Fazenda Sto. Antônio do
    Parové/ Alegrete, em transição para pecuária orgânica com uso de
    homeopatia e manejo de pastagens desde março/22.
    • Eng. Agr. Miguel Guedes – Gestor da Fazenda São Miguel/Mostardas,
    trabalhando com pastoreio em ILP desde 2020.
  • O evento foi transmitido ao vivo pelo https://www.youtube.com/@CRMVRS1/streams
    com duração de aproximadamente 3 horas e trinta minutos.
  • O público participante no momento da transmissão foi de 25 pessoas de vários
    estados e instituições, com alcance junto a UFPel, Palmeira das Missões, UFSM,
    Tramadaí – RS, Comissão de Produção Orgânica do RS e do RJ (CPORG-RS e
    CPORG-RJ/ MAPA, Bananal – SP e outras localidades.
  • Após o evento já foram computadas 199 visualizações da gravação do evento no
    canal do CRMV-RS (5 dias posteriores).
  • Ocorreram várias manifestações pelo chat, com perguntas e elogios foi pela sua
    qualidade técnica e relevância do tema. Seguem as mais relevantes:
    Leonardo Perez : Excelente como sempre Prof Nabinger
    Bruno Prates : Ótimas apresentações do Flávio e do Nabinger!
    Silvia Resende Terra: Gostaria de perguntar se vocês não gostariam de criar um
    evento multidisciplinar sobre esse assunto? Um evento com pesquisadores da área
    de nutrição humana , biologia bioquímica ecológica ?
    Márcia Monks Jantzen: parabéns pelo lindo trabalho, Márcia!!!!
    Bruno Prates: Que bela apresentação e belos resultados, Marcia. Parabéns!
    Amanda de Souza da Motta: Parabéns Marcia pelo trabalho desenvolvido
    Silvia Resende Terra: Dicas valiosas do Alberto ! Vcs estão de parabéns pelo painel
    virtual!
    Bruno Prates: Que lindo ver o protagonismo feminino na Pecuária e na preservação
    do Pampa. Parabéns pela iniciativa do evento.
    Márcia Monks Jantzen: adorei ouvir a experiência dessas pecuaristas! Orgulho!
    Parabéns, Luiza.
    Silvia Resende Terra: Incrível ! Um exemplo inspirador!
    Jorge Luiz Dias de Dias: Parabéns a todos!!! Foi uma tarde muito
    produtiva…obrigada pelas experiências apresentadas.
    Cassia Martins Ferreira: ótima tarde!! esperamos por mais oportunidades!! obrigada
    aos professores e pesquisadores, e em especial, aos produtores!!
    Bruno Prates: Parabéns pelo trabalho realizado Miguel. Ótima tarde, obrigado pela
    oportunidade.
  • Apesar dos problemas técnicos na transmissão do evento, consideramos que o
    evento atingiu bem seus objetivos. Agradecemos ao CRMV-RS pelo apoio e o
    esforço de todos em especial ao Marcos Borba, Luiza Cheuiche, Favorino Collares,
    Amanda Motta e Márcia Jantzen que colaboraram diretamente com o evento.

Memória elabora por Amanda Motta e Angela Escosteguy.
Porto Alegre, 21/12/22.

Painel Importância da Pecuária

CURSOS 2022

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