HOMEOPATIA NO CONTROLE DE CARRAPATOS E MOSCA DO CHIFRE

Por Luiza Cheuiche*

Situação inicial 

          Em janeiro de 2021, comecei a administrar a Fazenda Santo Antônio do Parové, no município de Alegrete, RS. Iniciamos o trabalho com 164 vacas adultas vazias, em uma área de 380ha de campo nativo. A seguir, comprei 40 vacas Braford prenhes, e 2 touros Braford. 

          Logo no início, nosso primeiro desafio foi o controle do carrapato e da mosca do chifre. A contaminação era frequente. Os banhos geralmente eram quinzenais, às vezes semanais. Mesmo com alternância de princípios ativos e aumento da frequência das aplicações e banhos, os tratamentos demonstravam-se insuficientes e ineficazes.  Decidimos, então, coletar os carrapatos para a realização de um biocarrapaticidograma.  Ao mesmo tempo, investimos em cercas elétricas com captadores de luz solar, para a divisão dos potreiros e rotação com maior tempo de vazio sanitário. 

          O resultado do biocarrapaticidograma, em setembro de 2021, nos revelou o que estávamos testemunhando empiricamente:  a resistência da maioria dos produtos testados. Somente dois princípios ativos demonstraram mais de 70% de eficácia. A maioria dos produtos testados foi totalmente ineficientes. A partir de setembro de 2021, os banhos de controle foram um pouco mais eficientes, com intervalos de 30 a 40 dias. 

Mudança para protocolo homeopático 

          Em marco de 2022 iniciei um protocolo homeopático com Sulphur 30CH, solução 5% álcool, no sal. O produto deve ser colocado em uma lona limpa, em cima de uma ou duas xícaras de açúcar cristal, misturada com colher de pau, e após colocar o sal mineral por cima e misturar bem. Colocar em cochos cobertos protegidos da chuva e do sol.

          Em abril de 2022, comecei a usar o Sulphur 30CH no banho de aspersão. 1,5ml por litro de água, com resultados muito bons. Também foi nesta época que coletamos os carrapatos e moscas para fazer o nosódio. Coleta-se as fêmeas telógenas vivas (as mais fortes são usadas para a tintura-mãe), fura-se com palito de madeira, e coloca em vidro escuro de 30ml ou mais. Uma parte de carrapato para 6 partes de álcool 70% de farmácia, ou álcool de cereais. As moscas são coletadas vivas do lombo dos animais e colocadas diretamente em outro vidro escuro, na mesma proporção de álcool. Levei essas tinturas-mães para Porto Alegre, para a farmácia homeopática produzir a tintura mãe (após 15 dias, ela é coada, sucussionada e diluída, até 6CH). Este processo pode ser feito na propriedade, mas devido a minha pouca experiência nessa época, preferi fazer na farmácia.

          No final do mês de abril de 2022 começamos a usar o nosódio da mosca e do carrapato no sal, juntamente com o Sulphur.  

Resultados gradativos          

           Durante o ano de 2022, fizemos somente 2 banhos de controle com o ectoparasiticida indicado pelo biocarrapaticidograma (antes banhávamos a cada 2 semanas). O primeiro foi no inverno de 2022, e o segundo em dezembro de 2022. Após esse banho em dezembro, muitas vacas ficaram estonteadas, e os carrapatos não caíram, aumentando a minha confiança no controle homeopático dos ectoparasitos. As moscas desapareceram por vários meses, reaparecendo em final de fevereiro de 2023, quando começou a chover após a estiagem prolongada. 

          Em dezembro de 2022, após a experiência ineficiente com o inseticida, iniciei o banho com nosódio do carrapato na potência 6CH, na mesma proporção que usava o Sulphur, 1,5ml para cada litro de água, tendo um resultado mais eficiente. Logo no início do protocolo, a eficiência foi impressionante, mas aos poucos, os carrapatos começaram a ressurgir, mas somente nas virilhas, murchos e opacos.  

          Além disso, com a redução no uso do tratamento químico, tivemos uma economia de 50% no custo da produção, pois os medicamentos homeopáticos são muito mais baratos, além de reduzir muito a necessidade de manejo dos animais. 

Observações e acompanhamento 

          Percebo que a mudança nas potências é necessária durante o processo, e o mais importante é a observação dos carrapatos, do campo, do gado, e da realidade de cada propriedade. Com o uso da homeopatia, os carrapatos ficam mais localizados nas virilhas, ficam opacos e ressecados, às vezes demoram a cair, mas estão murchos. Bem diferente de janeiro de 2021, quando as carrapatas eram lustrosas e ingurgitadas, localizadas por todo o dorso, pescoço e extremamente evidentes. 

          A Pecuária Orgânica sempre foi o meu objetivo, mas o que eu ouvia eram opiniões desencorajadoras…. Leva muito tempo… não há interesse comercial…. O tempo é o de cada um de nós, e o mercado está pronto, exigindo mudanças, que devem partir de quem produz; e precisamos reduzir os custos e oferecer alimentos sem resíduos químicos. Me ponho a disposição para ajudar nessa nova fase da pecuária. 

          Nesses dois anos, trabalhando e estudando homeopatia, já presenciei muitos milagres. Vamos juntos observar e aprender com eles. 

Luiza Rodrigues Cheuiche, médica veterinária com especialização em homeopatia e pecuária orgânica. Produtora rural. E-mail: luizacheuiche@gmail.com.

ALGUMAS INDICAÇÕES SOBRE MANEJO SANITÁRIO DE PEQUENOS RUMINANTES, COM O USO DA HOMEOPATIA

Antonio Vicente da Silva Dias 1

Farouk Zacharias 2

Para o tratamento da eimeriose, indicamos o Ferrum phosphoricum 6x, administrado individualmente, quando se tratar de um número pequeno de animais, 5 gotas em 3 ml de água, uma vez por dia. Para esse procedimento, utilizar um copo de vidro para misturar as gotas na água e uma seringa descartável para a administração oral do produto. O medicamento deve ser dado a partir dos quinze dias de idade e por um período de 20 dias. Para um número maior de animais, a medicação deverá ser administrada na água de bebida, na proporção de 1 ml ou 30 gotas para cada 50 litros de água. A renovação da água e da medicação só deve ser feita quando o nível do reservatório não for suficiente para que os animais bebam.

No caso do bebedouro ter boia, esta deverá ser fechada, liberando-a apenas, quando da renovação. Neste caso, o produto deve ser utilizado por um período de 60 dias.

Para o tratamento das verminoses, indicamos o Sulphur 30x fornecido junto com a mistura mineral, permanentemente, na proporção de meio frasco (10 ml) para 25 kg de sal. Previamente, o medicamento deve ser bem misturado com 500 gramas de açúcar comum e só depois acrescentado ao sal mineral, homogeneizando bem,
misturando bastante. A mistura com o açúcar pode ser feita numa vasilha de plástico ou de vidro, nunca de metal, e a incorporação ao sal pode ser feita sobre lona plástica ou sobre um piso cimentado, liso e limpo, sem usar  instrumentos de metal.

 

Como a ação da homeopatia é a de estimular o sistema imunológico, nem todos os animais reagem da mesma maneira, por isso entre 3 a 4% podem apresentar os sintomas da verminose dos quais os mais evidentes são a anemia e o edema submandibular. Nestes casos, os animais deverão ser tratados individualmente, administrando 5 gotas de Calcarea carbonica 12x em 3 ml de água, uma vez por dia, até desaparecerem os sintomas.

Para o tratamento da linfadenite caseosa, indicamos o Hepar Sulphur 200x que deverá ser ministrado oralmente, 5 gotas em 3 ml de água, uma vez por dia. O procedimento é o mesmo usado para o Ferrum phosphoricum. Para a sua
prevenção, usa-se no sal mineral, da mesma maneira que o Sulphur, sendo que, no uso de rotina, deverá preparar-se um saco de sal mineral com Sulphur e, quando este terminar, prepara-se o próximo com o Hepar Sulphur, isto é, alternando os medicamentos. Desta forma, conseguiremos fazer a prevenção de ambos os problemas (verminoses e linfadenite caseosa).

Finalmente, lembramos que o manejo sanitário exige sempre medidas adicionais de manejo nutricional adequadas e boa higiene das instalações, além de rotação de pastagens e, no caso de caprinos e ovinos, alternância de pastejo com outras espécies, como a bovina, desde quando o Haemonchus que parasita os bovinos é o placei, e, por este motivo, a ingestão das larvas do Haemonchus contortus pelos bovinos não os infecta e ajuda na limpeza dos pastos reduzindo a contaminação dos caprinos e ovinos.

Ressaltamos, também, que o cocho saleiro nunca pode ficar exposto à luz direta do sol.

1. Antonio Vicente da Silva Dias é médico veterinário, com graduação na Universidade de Luanda/Angola,  Especialização em Bubalinocultura no Istituto Sperimentale per la Zootecnia di Roma/Itália e Especialização em Homeopatia no Instituto Homeopático Alfredo Soares da Cunha, Salvador (BA).

Contato: diasavicente@gmail.com

2. Farouk Zacharias, Mestrado em Medicina Veterinária Tropical, Especialista em Homeopatia, Coordenador de Veterinária do Centro de Especialização em Homeopatia de Londrina – CEHL – Polo Nordeste.
Contato: faroukzacharias@yahoo.com.br

EVOLUÇÃO NAS PUBLICAÇÕES CIENTÍFICAS SOBRE HOMEOPATIA EM ANIMAIS

Por Marcelo Temple Stumpf*

Com vistas a perceber o panorama da produção bibliográfica em língua portuguesa relacionada ao uso de homeopatia animal, bem como o avanço no número de publicações ao longo dos anos, uma pesquisa em base de dados foi realizada. Utilizou-se a ferramenta Google Scholar, a qual apresenta a capacidade de pesquisar em bancos de dados os documentos científicos pertinentes a um tema requerido. Utilizou-se o operador booleano AND na ferramenta de buscas, o que implica que a publicação obrigatoriamente deve estar relacionada com ambas as palavras mencionadas prévia e posteriormente a esse operador. As palavras pesquisadas foram: homeopatia AND bovinos; homeopatia AND suínos; homeopatia AND avicultura; homeopatia AND ovinos. A pesquisa foi realizada em Setembro de 2018 e foi refinada por períodos, de forma que, em um primeiro momento, se buscou documentos entre 1850 e 2000; posteriormente se buscou documentos entre os anos de 2000 e 2018.

Os resultados encontrados, os quais se apresentam em forma de gráfico na Figura 1:

  1. a) homeopatia AND bovinos. A busca realizada para o período entre 1850 e 2000 encontrou 157 resultados; de 2000 a 2018 o número de publicações cresceu e atingiu 2718;
  2. b) homeopatia AND suínos. Entre os anos de 1850 e 2000 foram publicados 32 documentos; entre 2000 e 2018 encontraram-se 946 resultados;
  3. c) homeopatia AND avicultura. Passou de 18 resultados entre 1850 e 2000 para 388 entre 2000 e 2018.
  4. d) homeopatia AND ovinos. Crescimento de 23 resultados entre 1850 e 2000 para 919 entre 2000 e 2018.

Ao se somar os resultados encontrados, foram publicados 230 documentos científicos relacionando homeopatia e produção animal entre 1850 e 2000. Já entre 2000 e 2018 o número de publicações cresceu e atingiu 4971, em um aumento aproximado de 2061%.  Destaque ao fato de que essa pesquisa considerou somente os arquivos escritos em português.Figura 1: Publicações científicas em homeopatia nas diferentes espécies de produção   animal em dois períodos distintos: 1850 – 2000; 2000 – 2018

Percebe-se, pois, que o campo da homeopatia na produção animal vem sendo crescentemente explorado, o que é um reflexo da maior atenção que vem recebendo dos centros que realizam pesquisas científicas e da sua importância ao sistema produtivo, uma vez que se configura como uma alternativa aos tratamentos convencionais. Refinamentos em técnicas e o melhor conhecimento acerca do tema pode e deve impulsionar o uso da homeopatia pelos produtores, o que deve trazer como consequência melhorias na saúde dos animais e do sistema como um todo.

*Marcelo Temple Stumpf é Engenheiro Agrônomo, Doutor em Zootecnia, pela Universidade Federal do RS (UFRGS), Professor do curso de Agroecologia da Universidade Federal do Rio Grande (FURG), Campus de São Lourenço do Sul/RS.

e-mail: marcelo.stumpf@furg.br

 

 

UTILIZAÇÃO DA HOMEOPATIA NO MANEJO SANITÁRIO ANIMAL

Por Antonio Vicente da Silva Diase Farouk Zacharias2

 

Notas históricas

 A medicina humana e a medicina veterinária evoluíram a partir dos conceitos de Hipócrates (460 – 373 a. C.) e de Aristóteles (384 – 322 a. C.), segundo os quais:

  • O paciente é uma unidade vital, que a doença afeta como um todo.
  • Assim, a doença deve ser encarada como uma unidade clínica, em que é necessário observar não apenas os sintomas localizados, mas o que está acontecendo com o indivíduo na sua totalidade.
  • Consequentemente, o tratamento constitui uma unidade terapêutica que visa restaurar o equilíbrio total do doente, mas de forma a complementar e estimular as forças criativas da própria natureza.

 

Porém, após Hipócrates, enquanto Aristóteles começou a vislumbrar as leis da analogia, além de entender que tudo tende à perfeição, Galeno, por dar muita importância aos sintomas locais, procurou observar, nos cadáveres, a ação terapêutica das drogas que haviam sido administradas, antes da morte, e observou que algumas das lesões e reações desapareciam, usando as substâncias que as neutralizavam. Por isto, enveredou simplesmente pela lei dos contrários, dando origem à alopatia. No entanto, os grandes avanços da medicina só começaram a acontecer a partir do século XVIII, baseados, essencialmente, na filosofia dos opostos. Apesar disso, paralelamente, alguns pensadores da área médica defendiam a Lei dos Semelhantes de Hipócrates. Entre eles, destacou-se Samuel Hahnemann (1755 – 1843) que retomou, decididamente, os conceitos de Hipócrates sobre a unidade do ser humano e a necessidade de encará-lo sempre na sua totalidade. Entretanto, o imediatismo, o atraso na aplicação dos conhecimentos da física às ciências biológicas e médicas e a força política e econômica têm impedido, desde então, que a homeopatia desenvolva as suas bases científicas.

A medicina veterinária foi se desenvolvendo a par da medicina humana, usando os mesmos princípios e, portanto, com ênfase na abordagem alopática, porém a utilização da homeopatia nos animais também foi iniciada simultaneamente ao seu uso nos seres humanos; já entre os primeiros discípulos de Hahnemann, encontramos um veterinário, Guilherme Lux (1777-1849). De fato, este, apesar da dificuldade em ser aceito numa Sociedade Médica (tais instituições eram muito fechadas), fez um curso de Filosofia, o que lhe franqueou a entrada para o grupo de trabalho de Hahnemann, tendo iniciado o tratamento de animais usando a homeopatia.

 

A Homeopatia Veterinária no Brasil

No Brasil, os estudos sobre o uso da homeopatia nos animais foram iniciados na década de sessenta do século passado pelo Dr. Cláudio Martins Real, Professor Emérito da Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, que, após a aposentadoria, se transferiu para o estado do Mato Grosso do Sul, onde trabalhou na Universidade Federal deste Estado. Aí, vem desenvolvendo a homeopatia populacional. Mas não só os resultados conseguidos por ele têm sido muito promissores, também em outros estados da federação, por veterinários pioneiros, ligados ou não a instituições oficiais. Entre estas, podem ser citadas a Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio de Janeiro – PESAGRO, a Universidade de São Paulo – USP, a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, o Instituto Agronômico do Paraná – IAPAR, a Universidade de Maringá (PR), Universidade Federal de Viçosa Universidade Federal de Viçosa e a Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola – EBDA, extinta em dezembro de 2014 pelo Governo do Estado da Bahia, dentre outras. Também merece destaque o trabalho desenvolvido pela Médica Veterinária Maria do Carmo Arenales.

 

 

Resultados de Pesquisas e Eficácia dos tratamentos

Um dos grandes fatores para o reconhecimento da homeopatia como ciência tem sido os trabalhos de pesquisa realizados com todo o rigor cientifico, e com seus resultados publicados em periódicos científicos, nacionais e internacionais. Esses resultados vêm indicando uma ação imunomoduladora, antioxidante, homeostática, e melhoria do metabolismo, resultando na cura, e prevenção das enfermidades, pelo estimulo da energia vital dos animais. Essa ação tem se confirmado em animais de produção e também na área Pet. Os cursos de formação de especialista em homeopatia é uma garantia para o avanço da medicina veterinária homeopática, formando quadros de especialistas, sintonizados com os últimos resultados de pesquisa na área e oferecendo uma assistência técnica de qualidade.

A condição para que as doenças sejam curadas, através da homeopatia, é que o indivíduo tenha possibilidade de reagir, através da sua força vital, ao estímulo que o medicamento homeopático induz e isso só é possível quando o manejo dos animais é adequado, tanto do ponto de vista de conforto como de alimentação.

Mas a homeopatia não tem apenas efeitos curativos; ela é um excelente meio preventivo que possibilita melhor desempenho produtivo e reprodutivo dos animais, sendo que os medicamentos utilizados são produzidos, exclusivamente, a partir da natureza, de componentes dos reinos mineral, vegetal e animal.

Além de tudo isso, o custo é muito menor (de acordo com a experiência de campo da EBDA, cerca de 9 vezes menos, podendo até chegar a 13, nos casos em que os produtores fazem maior número de aplicações de medicamentos e defensivos).

Na prevenção

A homeopatia é um excelente meio de prevenção: os trabalhos desenvolvidos têm mostrado a sua eficácia no controle de ectoparasitas (carrapatos, bernes, moscas-dos-chifres, piolhos) e endoparasitas (verminoses, eimerioses, babesioses), mantendo os animais em níveis de resiliência uma vez que, apesar da presença do parasita há equilíbrio deste com o hospedeiro. Com o tempo, a população dos parasitas desaparece ou atinge níveis que não causam danos econômicos. No caso dos carrapatos, a sua presença em pequeno número é uma vantagem, pois ocorre a formação de uma barreira imunitária natural contra a tristeza parasitária bovina. Os resultados também são muito interessantes, no que diz respeito à prevenção de mamites e da linfadenite caseosa dos caprinos e ovinos.

 

 

Na cura

O mito de que os medicamentos homeopáticos são lentos, no seu efeito, é apenas um preconceito que tem sido desfeito na prática e, por esse motivo, a procura tem sido grande, tanto por parte de profissionais da área como por parte dos proprietários dos animais. Determinadas posições acontecem mais por falta de informação e porque os casos levados ao homeopata são, muito freqüentemente, aqueles que requerem tempo na resposta, pois, geralmente, só se busca a homeopatia quando não se consegue solução por outro meio. Em relação aos casos agudos, a resposta é rápida. Normalmente, o uso de medicamentos homeopáticos tem efeito tão ou mais rápido que os alopáticos, com a vantagem de não causarem efeitos colaterais.

A aplicação dos medicamentos homeopáticos deve ser feita tanto em casos crônicos como agudos. A gama de enfermidades que tem sido tratada, com ótimos resultados, pela homeopatia, é extremamente ampla, indo desde parasitoses, infecções e traumatismos, à falta de contração no parto, prevenção da eclampsia e auxiliar na consolidação das fraturas, passando por distúrbios do comportamento. Assim, os resultados do tratamento homeopático vão desde as mastites (inflamações na mama em que há envolvimento de vários grupos de bactérias, algas, fungos, leveduras e micoplasmas), em gado leiteiro, ao controle de parasitas, em geral. A técnica permite a manipulação de substâncias que são eficientes nesses casos, sem o risco de contaminar o animal. O processo beneficia, também, os consumidores que vão obter carne ou leite sem a presença de produtos químicos contaminantes, além dos criadores que também não correm o risco de contaminação.

No caso dos animais leiteiros, por exemplo, com o uso de medicamentos homeopáticos e uma ordenha adequadamente higiênica, a incidência da mastite no rebanho torna-se insignificante. No tratamento convencional, administram-se, no gado, diversos antibióticos, que podem causar perda do leite ou deixar resíduos no alimento capazes de originar intoxicação, além de criar estirpes de bactérias resistentes, o que não acontece com a homeopatia.

 

Outras aplicações

Além do tratamento e prevenção de enfermidades, é possível utilizar a homeopatia em todo o rebanho com outras finalidades, como facilitar o parto e incrementar a eficiência reprodutiva em gado de cria, por exemplo. Neste aspecto, um dos usos mais interessantes é o da mistura dos medicamentos homeopáticos ao sal mineral ou à ração que melhora o crescimento e o ganho de peso, em rebanhos de corte, beneficiando diretamente o produtor que terá como comercializar a carne mais rapidamente, e o consumidor, por ter uma carne de melhor qualidade. Isto ocorre porque os medicamentos homeopáticos, adicionados ao sal mineral, previnem os estados infecciosos e tranqüilizam os animais.

Nos trabalhos realizados pela extinta EBDA, além da prevenção, foram tratados, com sucesso, várias afeções, entre as quais abscessos, mamites, traumatismos diversos, prolapso uterino, caquexia, sarna, diarreia dos bezerros (com quadro pulmonar – “pneumoenterite”), fotossensibilização, tristeza parasitária e linfadenite caseosa.

Há, na literatura, vários trabalhos interessantes, inclusive internacionais, referentes a tratamento de rebanhos e plantéis de aves, do ponto de vista da prevenção, inclusive das zoonoses, o que implica questões de saúde pública. Entre os países que implantaram o uso da homeopatia, no controle de mastites, com sucesso, é importante citar a Alemanha.

Na fase de crescimento, há ótimos resultados, pois os medicamentos da homeopatia, ao equilibrarem o metabolismo, melhoram a absorção do cálcio, do fósforo e dos outros nutrientes, especialmente os tioaminoácidos, em todas as espécies animais.

Os resultados obtidos permitem afirmar que a homeopatia está desempenhando e tem a desempenhar um papel importantíssimo na saúde animal.

A medicina veterinária homeopática é, portanto, uma realidade que tende a afirmar-se pelos seus resultados, cada dia mais expressivos, inclusive na prevenção e tratamento das doenças dos animais.

1 Antonio Vicente da Silva Dias é médico veterinário, com graduação na Universidade de Luanda/Angola, Especialização em Bubalinocultura no Istituto Sperimentale per la Zootecnia di Roma/Itália e Especialização em Homeopatia no Instituto Homeopático Alfredo Soares da Cunha, Salvador (BA).
Contato: diasavicente@gmail.com

2. Farouk Zacharias, Mestrado em Medicina Veterinária Tropical, Especialista em Homeopatia, Coordenador de Veterinária do Centro de Especialização em Homeopatia de Londrina – CEHL – Polo Nordeste.
Contato: faroukzacharias@yahoo.com.br

 

LITERATURA CONSULTADA

CARVALHO, A. C. Homeopatia em veterinária. São Paulo, SP: 1998. 2p. (Mimeogr.)
EIZAYAGA, F. X. Tratado de medicina homeopática. 21.ed. Buenos Aires: Marecel, 1981. 381p.
HAHNEMANN, S. Organon der heilkunst. Organon da arte de curar. Trad. de Edméa Marturano Villela e Izao Carneiro Soares. 6.ed. Ribeirão Preto, SP: Museu de Homeopatia Abrahão Brickmam, 1995. 373p.
TIEFENTHALER, A. Homeopatia para animais domésticos e de produção. Trad. Rosilea Pizarro Carnelos. São Paulo, SP: Andrei, 1996. 336 p.
VITHOULKAS, G. Homeopatia: ciência e cura. 1980. Trad. Sônia Régis. 10.ed. São Paulo, SP: Cultrix, 1997. 436p.