PECUÁRIA ORGÂNICA NA CASA DO VETERINÁRIO NA EXPOINTER

A pecuária orgânica foi o tema de um debate promovido pela Comissão de Pecuária Orgânica do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Rio Grande do Sul (CRMV-RS), neste sábado (11), na Casa do Médico Veterinário no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio, durante a 44ª Expointer. O evento contou com a participação de Angela Escosteguy, coordenadora da Comissão e Presidente do Instituto Bem-Estar (Ibem); Márcia Monks Jantzen, professora da Faculdade de Medicina Veterinária da UFRGS; e Eduardo Antunes Dias, professor da FURG – Campus São Lourenço do Sul.
De acordo com Angela, o tema de como a humanidade vai produzir alimentos de qualidade sem agredir os ecossistemas e com respeito aos animais é de importância crescente no mundo atual. No entanto, ao mesmo tempo, aumentam as acusações de que a criação de gado prejudica a saúde e o meio ambiente. Para Angela Escoteguy, essas alegações são válidas para o modelo convencional, mas não para o orgânico. “O sistema ultraintensivo agride o meio ambiente, o bem estar dos animais e pode trazer resíduos tóxicos aos alimentos, bem diferente dos sistemas orgânicos, que preservam a biodiversidade e tratam os animais com respeito e ética, além de gerar alimentos com qualidade nutricional e níveis de contaminação muito baixos”, destacou.

A coordenadora da Comissão de Pecuária Orgânica do CRMV-RS destacou que o modelo de produção agroecológico vem crescendo fortemente, e é de grande importância para o Rio Grande do Sul, um estado onde a pecuária faz parte da cultura tradicional. “A criação de animais é fonte de renda, trabalho e alimentação de muitos produtores. Discordamos da posição de que a pecuária é nociva. Temos uma proposta de produção saudável e mantendo nossa cultura ligada à criação de animais”, afirmou.
No Brasil, a produção orgânica já possui legislação desde 2010 e está bem regida por regramentos que instituíram os selos de produto orgânico, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). No entanto, segundo Márcia Monks Jantzen, enquanto a área vegetal já demonstra forte evolução, a área animal ainda possui uma grande demanda que não está suprida. “Estamos realizando um trabalho de desenvolvimento desse setor, atuando tanto dentro de universidades quanto entre a classe de médicos veterinários e zootecnistas, discutindo desafios e mercado desse tipo de alimento”, afirmou.
Márcia apresentou números divulgados pela Embrapa em 2020 que apontam para um crescimento anual de 14,5% no mercado brasileiro de orgânicos entre 2014 e 2017. “No caso da pecuária orgânica, esse aumento no período ficou entre 20% a 30%”, destacou.

Para Eduardo Antunes Dias, na pecuária orgânica o importante é a diversificação e a otimização dos processos. “Ela permite uma melhor ciclagem dos nutrientes para diminuir a entropia e melhorar a eficiência da circulação de energia entre os sistemas de produção”, comentou. Além disso, o modelo gera um produto final de qualidade, que atende a população em termos de saúde e tem baixo impacto no meio ambiente.
Dias destacou que o Rio Grande do Sul possui o bioma pampa, que é herbáceo e tem vocação de utilização para a pecuária. “Temos aqui uma excelente oportunidade de mostrar para o mundo que podemos preservar um bioma e ter produção nele, sem explorá-lo, mas utilizando o meio ambiente de forma inteligente, com produção de alimento mas conservando a biodiversidade de um ecossistema”, disse.

Presente também no evento, a Dra. Lisandra Dornelles, Presidente do CRMV/RS.

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