RESILIÊNCIA PRODUTIVA E MUDANÇAS CLIMÁTICAS
Por Carlos Nabinger*
Sistemas de produção como a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), o Plantio Direto na Palha (PDP), a Produção Integrada de Frutas (PIF), o Manejo Sustentável de Florestas, a Agricultura Orgânica, a Agricultura Biodinâmica, entre outros, são exemplos de sistemas que buscam a sustentabilidade. Especialmente no RS, cujas características de solo e clima permitem uma alta diversidade de produtos agrícolas (carnes, soja, arroz, milho, fumo, uva, celulose, lã, etc..), a possibilidade de adoção de tais sistemas, é um dos caminhos a ser buscados e incentivados pelas políticas agrícolas. Disponibilidade de tecnologias para isso existe como demonstram a Expointer, Expodireto e outras mostras, através da oferta de insumos como equipamentos, sementes, defensivos, fertilizantes, etc… No entanto, ainda é necessário insistir mais na apropriação de “tecnologias de processos” para que o uso de tais insumos seja feito com a coerência que a sustentabilidade econômica e ambiental exige. Lembrando que tecnologias de processos são aquelas formas de conduzir um cultivo ou uma criação de acordo com o conhecimento de suas relações com o solo, clima e outros organismos vivos, de modo a otimizar seu funcionamento. Como exemplos de tecnologias de processos podemos citar o ajuste da carga animal na produção de bovinos e ovinos, obediência aos zoneamentos edafoclimáticos para definir o que produzir qual cultivar usar e quando plantar, o uso da integração lavoura-pecuária com plantio direto, o controle integrado de pragas, etc.
Mas, quando se fala em produção sustentável é bom ter em mente as anunciadas e já presentes mudanças climáticas. Com mais razão devemos buscar sistemas de produção que sejam resilientes a essas mudanças. Mas resiliência é um atributo altamente dependente da biodiversidade. Biodiversidade que naturalmente temos, mas que a maioria dos atuais sistemas de produção baseados em monocultivos intensivos tem colocado em risco. Mas, felizmente temos saída para isso via os sistemas acima citados e assim poderemos atender as sugestões da Conferência Regional da FAO para América Latina e Caribe de 2016 a qual recomenda que os países “…impulsionem urgentemente estratégias de adaptação aos câmbios climáticos. Um enfoque eficaz de adaptação que deve ser fortalecido pelos países é a diversificação da produção rural e a integração de agricultura e pecuária, atividades florestais, a ordenação do uso de águas e da terra…”. Assim evitaremos surpresas e manteremos a agricultura como fator determinante do desenvolvimento regional.
*Carlos Nabinger é mestre em Fitotecnia e doutor em Zootecnia, professor da Faculdade de Agronomia da UFRGS
Texto publicado originalmente em ZERO HORA, Caderno Campo e Lavoura, coluna Palavra do Especialista – Produção Sustentável. 04 e 05/03/2017, no 1714, p.6.
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